Histórias

Histórias inspiradoras escritas por pessoas como você..
  • Acreditar Em Si Mesmo

    Enquanto a nossa van seguia em direção à fazenda para iniciarmos um programa de três meses para meninos problemáticos, passamos por um homem a cavalo. Bill era o proprietário da fazenda e estava sentado próximo ao portão para nos receber. Nossos olhares se cruzaram pela janela empoeirada, ele piscou e tocou a aba do chapéu em sinal de boas-vindas.

    Durante todo o verão, Bill e seus ajudantes nos ensinaram a cavalgar, amarrar feno, cortar lenha e reunir o gado. Ele sabia o valor de trabalhar com as mãos, e o respeitávamos por seu conhecimento e liderança amiga. Ele sabia como era importante para meninos como eu entenderem que alguém acreditava neles. Confiava em nós para fazermos o trabalho corretamente e não queríamos decepcioná-lo. Várias vezes naquele verão, levou-me para pescar e, além de conversarmos sobre como jogar a linha e por a isca no anzol, falávamos sobre meus sonhos e o que eu queria da vida. Incentivou-me a traçar metas e me contou histórias de suas próprias experiências.

    No último dia na fazenda, Bill chamou-me em particular e elogiou o trabalho que eu fizera no verão, não apenas na fazenda, mas em mim. Disse-me que se eu precisasse de qualquer coisa, podia contar com ele. Quatro anos depois, aceitei a oferta. Telefonei e lhe pedi um emprego. Contei-lhe como a confiança dele em mim deu-me coragem para mudar minha vida. Expliquei que queria ajudar outros do mesmo modo. Ofereceu-me o emprego na hora, e tenho orgulho em dizer que todo verão sou eu que abro o portão para receber a van cheia de jovens que precisam de alguém que acredite neles para que possam aprender a acreditar em si.

    —ANÔNIMO

  • Afinidade

    Há alguns meses, espontaneamente, peguei um folheto no supermercado que solicitava voluntários para o abrigo comunitário dos sem-teto e liguei para oferecer meus serviços.

    Ao entrar no estacionamento do abrigo, notei um homem, em pé, fumando um cigarro. Lembrei-me de tê-lo visto, algumas semanas antes, no shopping center. Estava sentado do lado de fora da garagem do estacionamento com um cartaz que oferecia trabalho em troca de comida. Pensei comigo mesma: se ele quer trabalhar, por que não arruma um emprego como todo mundo? Fiquei irritada com a pitada de culpa que senti por não lhe ter dado as moedas que estavam no meu carro, mas ao voltar para casa para fazer o jantar, logo o esqueci. Agora ele estava ali de novo, e sorri meio sem jeito ao passar por ele. Percebi que estava prestes a servir o jantar a um homem para o qual eu nem teria olhado há uma semana atrás.

    Depois da refeição, fui separar roupas com alguns dos moradores temporários do abrigo. Sem dúvida, o homem estava lá, pondo camisas em uma pilha de roupas e calças na outra. Enquanto trabalhávamos, começamos a conversar. Fiquei sabendo que ele tinha uma filhinha, quase da mesma idade que a minha, e sentia muita saudade dela. Fiquei surpresa ao descobrir que tínhamos crescido na mesma cidade. Lembramos de um restaurante naquela região que, na época, era famoso pelo frango frito que vendia.

    À medida que a noite chegava ao fim, percebi que lamentava encerrar nossa conversa. Diante de uma pilha de roupas usadas, aprendi uma lição inesperada: com um pouco de tempo e boa vontade, podemos constatar que temos muito mais em comum com aqueles que nos cercam do que poderíamos imaginar.

    —ANÔNIMO

  • Altruísmo

    Aprendi muito com meu pai, mas não com as aulas. Não importava o que ele estivesse fazendo, sempre encontrava um jeito de me incluir. Chegou até mesmo a me dar um velho aparelho de barbear, sem a lâmina, é claro, para que eu pudesse participar do ritual matutino. Eu achava o máximo.

    Papai e eu éramos muito amigos. Sempre achei que ele me entendia e que eu podia falar tudo com ele. E aprendi muito sobre ele, também.

    Agora que sou pai, entendo por que ele fez o que fez. Ao incluir meus filhos nas coisas que faço, vejo que aprendem com o meu exemplo. Mais importante ainda, se estão fazendo coisas junto comigo, sei que estão seguros. Além disso, quem sabe, não vão se cortar muito ao barbear quando tiverem idade suficiente para usar a lâmina.

    —ANÔNIMO

  • Ambição

    Quando eu tinha três anos, meu pai morreu, e minha mãe ficou sozinha para ensinar quatro filhos a crescer, viver e amar. Não foi nada fácil para ela, que trabalhava turnos de doze horas como professora à noite, mas de algum modo conseguia superar as dificuldades. Chegava em casa tarde, preparava o jantar, ouvia nossas histórias e nos colocava na cama antes de ter tempo para si. Na época, não entendíamos bem, mas hoje é óbvio que éramos sua vida. Lembro-me de perguntá-la por que fazia tantos sacrifícios por nós, e sua resposta foi incrível. O seu sucesso será minha maior realização.

    A partir daquele dia, minha atitude e ações mudaram. Tive força e coragem para lidar com os problemas em vez de dar-lhes as costas. Eu queria chegar mais alto, e correr em direção a esse desafio era o caminho. Ela ia a todas as competições e era sempre a primeira na linha de chegada e a última a sair. Ainda ouço as palavras que mudaram a minha vida. O seu objetivo era nos incentivar e dar-nos a oportunidade de fazer coisas grandiosas. Minha ambição é aproveitar essa oportunidade ao máximo.

    —ANÔNIMO

  • Amizade

    Tenho uma foto na minha mesa no trabalho. Quando o dia parece interminável ou meus clientes estão impacientes, olho a foto. É uma foto dos meus melhores amigos e foi tirada há anos atrás. Ela me faz lembrar os bons tempos que vivemos e o apoio que a amizade deles ainda me dá.

    Ainda que nossas vidas tenham seguido caminhos diferentes, o vínculo que criamos nos mantém próximos. É rara a semana em que não recebo uma mensagem na secretária eletrônica de um deles só para “saber se está tudo bem” ou uma carta com as fotos das férias ou do bebê mais recente. Quase sempre recebo e-mails com uma piada, ou palavras de conforto sobre alguma coisa que esteja acontecendo na minha vida. Meus amigos aparecem para festas de aniversário surpresa, enviam flores sem motivo especial e um deles até mesmo viajou duas horas de carro só para assistir ao primeiro recital de piano da minha filha.

    Nossa amizade me deu forças durante muitos momentos difíceis e enriqueceu os bons momentos. É o tipo de amizade que supera desentendimentos, mudanças e separação. E isso me fez lembrar que tenho alguns e-mails para responder.

    —ANÔNIMO

  • Amor

    “Para que são?” ela perguntou sorrindo para o buquê de flores. Que pergunta desnecessária da mulher que me apoiou nos momentos de provação da vida. A mãe que trabalhava o dia todo e cuidava dos filhos à noite enquanto eu fazia faculdade. A esposa que se sentava ao meu lado e tentava segurar as lágrimas enquanto eu enfrentava um ano doloroso de quimioterapia. A mulher que atentamente cuidou do nosso orçamento para que pudéssemos comprar a casa nova. Hoje, o sol brilha, mas as nuvens podem reaparecer. Não sei o que o futuro trará, mas sei que meu amor por ela aumentou e nunca terei que questionar o amor dela por mim.

    E ela ainda quer saber o motivo das flores.

    —ANÔNIMO

  • Compaixão

    “Quer conversar?”, ele indagou quando sentou-se ao meu lado. Acho que ele já sabia a resposta à pergunta e não se surpreendeu quando optei por não responder. Sentamos lado a lado durante horas, fitando o mar, enquanto os nossos pensamentos voavam ao sabor da brisa. De vez em quando, ele me olhava e sorria de um modo que me dava a certeza de que tudo ficaria bem. De vez em quando, eu o olhava e nada via além de sinceridade.

    Se me perguntassem agora por que eu estava triste e sentindo-me só naquele dia, não saberia responder. Tudo que me lembro é da mão do meu pai no meu ombro, seu sorriso suave e o conforto inabalável que afastava os meus medos. Não importava o que acontecesse, eu sabia que ele estaria ao meu lado exatamente como esteve na época. Duas horas do seu tempo me ajudaram a amadurecer quase instantaneamente apesar da minha pouca idade, e a lembrança dessa compaixão é uma das poucas que nunca se apagará.

    —ANÔNIMO

  • Compartilhar

    O falatório. Os gritos. A briga. Aquilo foi a gota d’água para mim enquanto eu despejava meus problemas sobre minha mãe. “Como faço para que sejam amigos como nós quando éramos crianças?”, supliquei. A resposta foi uma gargalhada. “Muito obrigada, mamãe”, eu disse. “Lamento”, ela abafou o riso, “mas nem sempre vocês eram amigos”. Começou a explicar sobre a “Caixa de brinquedos malcriados”. Toda vez que brigávamos por causa de um brinquedo, ela calmamente o pegava e o colocava na caixa. Sim, lembro mesmo da caixa. Também lembro que nem sempre era justo porque uma pessoa podia ter causado a confusão toda. Mas minha mãe era coerente. Qualquer que fosse o motivo da briga, o brinquedo desaparecia na caixa por uma semana. Nada de perguntas, nenhuma chance de liberdade condicional.

    Logo aprendemos que compartilhar um brinquedo era melhor do que perdê-lo. Quase sempre, um resolvia esperar um pouco até que mais ninguém estivesse com o brinquedo em vez de brigar e perdê-lo. Não era um sistema perfeito, mas experimentei mesmo assim. A caixa foi um choque para os meus filhos e ficou lotada em poucos dias. Com o passar das semanas, notei que a caixa estava cada vez mais vazia e o bate-boca tinha diminuído. Hoje, mal acreditei no que ouvi quando meu filho disse à irmã: “Tudo bem, pode brincar com ele”.

    —ANÔNIMO

  • Coragem

    Lembro-me de caminhar pelo corredor da escola de ensino fundamental, ao lado do diretor, até minha nova sala de aula, no terceiro ano. Ao abrir a porta, constatei que o meu maior medo não era infundado: eu era o único garoto negro na sala. Senti que todos os 28 pares de olhos me fitavam. A professora sorriu timidamente indicando o meu lugar. Enquanto lutava com as emoções que se acumulavam dentro de mim, eu só pensava como seria bom poder voltar à minha antiga cidade e escola.

    No recreio, um garoto aproximou-se de mim e perguntou se eu queria jogar bola. Aquilo pegou-me de surpresa, e fiquei sem saber como reagir. Acompanhou-me até o grupo principal e anunciou que eu faria parte do time dele. Muitos resmungaram, mas era óbvio que o garoto era um líder e ninguém fez qualquer objeção. Ficamos amigos na hora.

    No decorrer dos anos, vi aquele garoto fazer amizade com cada aluno novo e considerei-me um sortudo por fazer parte de um círculo de amigos em constante expansão: uma amizade sem fronteiras.

    —ANÔNIMO

  • Determinação

    Leciono em uma escola para crianças portadoras de deficiência visual em maior ou menor grau. Quando me perguntam sobre meu trabalho, quase sempre recebo a mesma reação. Expressam preocupação e piedade pelos meus alunos e comentam como deve ser difícil trabalhar com crianças portadoras de uma deficiência tão limitante.

    Em vez de lhes dizer para não terem pena dos meus alunos, convido-os a passarem uma tarde conosco. Pouquíssimos aceitam meu convite, mas os que aparecem por lá saem mudados. Adoro observar as expressões atônitas quando nos veem treinando para eventos em pistas e basquete, ou ensaiando para a peça de teatro da escola que apresentamos toda primavera. Ficam perplexos com o fato de navegarmos na net, lermos os clássicos da literatura e participarmos de feiras de ciências estaduais.

    Meus alunos são um grupo das crianças mais determinadas e brilhantes que conheço. Solucionam problemas complexos com criatividade e perspicácia incríveis. Têm que trabalhar não apenas contra a incapacidade de ver, mas também contra os estereótipos na mente dos que os cercam. E quando os meus alunos decidem fazer alguma coisa, saia da frente. A sua determinação de vencer em um mundo quase sempre inóspito transforma o que seria uma vida difícil em outra, extraordinária.

    —ANÔNIMO

  • Ensinar Por Meio De Exemplos

    Durante o ano letivo, meu pai apresentou-se como guarda de trânsito voluntário, depois do expediente de trabalho, e nada o convenceria a sair mais cedo e abandonar a tarefa de guiar as crianças em segurança até o outro lado da rua: nem a chuva gelada, uma gripe forte ou a refeição quente à mesa do jantar. Toda vez que eu o via trajando o colete de cor alaranjada brilhante, sentia muito orgulho por causa de sua preocupação e dedicação ao próximo.

    Meu pai era o tipo de cara que ajudava todos, o tempo todo. Quando uma mulher constrangida, na nossa frente, no caixa do supermercado, não tinha dinheiro suficiente para pagar as compras, meu pai apresentava-se e cobria a conta. Quando um motorista tentava mudar de faixa na hora do rush, meu pai sempre lhe dava passagem. Deixava boas gorjetas para as garçonetes e ajudava minha mãe a carregar as compras do supermercado sem que ela lhe pedisse.

    Sei que meu pai não tinha a intenção de me ensinar lições sobre cooperação ou consideração para com o próximo; ele apenas preocupava-se com os outros e queria ajudar sempre que possível. Na verdade, nem mesmo sei se ele estava consciente de que eu estava prestando atenção em seus atos. Mas estava. Segundo o ditado, suas ações falavam mais alto do que qualquer palavra.

    Gosto de pensar nessas ações como uma tradição familiar. Agora, procuro formas de ajudar os que me cercam. Não passo um dia sem ter a oportunidade de ajudar alguém ou oferecer meu trabalho voluntário e servir de bom exemplo para os meus filhos. Qualquer dia desses vou acabar incluindo o colete alaranjado de guarda de trânsito no meu guarda-roupa.

    —ANÔNIMO

  • Escolhas Certas

    Eram apenas histórias, mas toda noite meus pais e eu nos reuníamos e líamos um livro de contos de fadas. Cavaleiros destemidos salvavam princesas, pequenos elfos ajudavam os necessitados e criancinhas entravam em fria quando mentiam. Cada uma tinha um lugar especial no meu coração, sobretudo a princesa que tinha de decidir qual caminho seguir por uma floresta desconhecida e encantada.

    Alguns anos atrás, as demissões no trabalho deixaram-me desesperada em busca de emprego. Procurei nos jornais e liguei para os amigos em busca de alguma indicação. Depois de muitas entrevistas, e muito desânimo, aconteceu. Não apenas uma, mas três ofertas de emprego vieram no mesmo dia. Cada uma em uma cidade diferente e todas com o salário de que eu precisava.

    Qual escolher eu não sabia. Os entrevistadores faziam com que cada uma parecesse perfeita, mas eu sabia que uma seria melhor do que as outras. Qual delas, eu pensava. Ao analisar cada empresa e meus objetivos pessoais, comecei a gostar mais de uma oferta específica. Mas ainda estava confusa.

    Enquanto pensava, lembrei-me da voz da minha mãe lendo os contos de fadas na minha juventude. A princesa estava na floresta e sentia-se confusa enquanto todos os animais tentavam dar-lhe conselhos conflitantes. De repente, entendi. E a escolha deu-me uma carreira da qual me orgulho. As palavras de que me lembrei? Quando precisar de um amigo em quem confiar, ouça o seu coração.

    —ANÔNIMO

  • Esforço

    “Você fez o melhor possível?” ele me perguntou enquanto eu caminhava devagar em direção ao carro. Nosso time de beisebol da faculdade acabara de perder de 4 a 1. Ergui os olhos e vi um homem com boné de beisebol e uma prancheta nas mãos.

    “Acho que sim”, respondi.

    “Ótimo. Então não tem motivo para ficar de cabeça baixa”.

    “Mas perdemos”, foi tudo que consegui dizer.

    “É, essas coisas acontecem”, disse ele. “Você acha que o outro time fez o melhor possível?”

    “Jogaram melhor do que nós”, respondi.

    “Claro que jogaram. Por isso ganharam. Mas acontece que vocês ganharam as três partidas anteriores. E você está batendo a 0,355. Eu não diria que foi uma temporada ruim, não é mesmo?”

    O que esse cara estava querendo dizer? Eu sempre fiz o melhor que pude. Aprendi com meu pai. Ele nunca deixava nada pela metade, nem quebrava promessas ou recuava diante dos compromissos. Seu lema era fazer o melhor possível, mesmo que a situação fosse um caso perdido.

    O homem com a prancheta nas mãos entregou-me um cartão de visita. Foi aí que notei o anel da Série Mundial no seu dedo. “Se você realmente sempre faz o melhor possível, me ligue no fim da temporada. Quero falar com você novamente”.

    —ANÔNIMO

  • Esperança

    Nem sempre a vida é fácil. Ao chegarmos neste planeta, ninguém nos garante que tudo correrá às mil maravilhas. É assim para todos nós, não importa quem somos ou de onde viemos. E falo isso por experiência própria. Em setembro de 1990, quando eu tinha 11 anos, fui atropelado por um carro no meu primeiro dia de aula, na sétima série. O acidente me deixou paralisado do pescoço para baixo e respirando com o auxílio de máquinas. Antes de levar minha vida adiante, precisei entender que, apesar da situação, eu ainda era a mesma pessoa de sempre. Minha vida não tinha acabado, de modo algum; ela tinha apenas mudado.

    Quando completei doze anos e ainda estava no hospital, não pude deixar de perceber que algumas das crianças ali comigo, estavam desistindo e não viam que seu futuro ainda era brilhante. Fiquei pensando por que isto acontecia. Fiquei imaginando por que algumas pessoas não enxergavam todas as possibilidades que ainda tinham mesmo se não fossem as que tivessem planejado. Não compreendia o que fazia com que algumas pessoas superassem momentos difíceis e concentrassem-se positivamente no futuro. No decorrer dos anos, contudo, acho que encontrei uma resposta: é uma questão de esperança. Quando digo esperança, não me refiro às coisas que desejamos, por exemplo, espero ir ao cinema este fim de semana. Refiro-me à esperança no sentido mais amplo, que abrange sentimentos de autoestima, a capacidade de adaptar-se às muitas mudanças na vida e a capacidade de encontrar diversos caminhos para enfrentar os problemas.

    Não importa o tipo de adversidade ou desafio que possamos enfrentar, é preciso acreditar sempre que, com esperança, podemos superá-lo e que, no fim, sairemos fortalecidos. A vida continua. Sempre. O caminho que acabamos por tomar, contudo, talvez não seja aquele que esperávamos.

    —ANÔNIMO

  • Espírito Esportivo

    Era nosso jogo de futebol do campeonato, e eu estava chata como sempre, gritando com as adversárias e companheiras de time, sem me preocupar em quem eu cometia falta, quem eu chutava ou empurrava. Só pensava em vencer, mais nada. A garota na minha posição no time adversário era habilidosa, e a aparência de intenso prazer em seu rosto enquanto jogava só piorava meu comportamento. Eu não poupava nada, usava todos os truques sujos que conhecia e distribuía insultos. Ela não reagia ao meu comportamento negativo, mas continuava a jogar agressivamente.

    Nos minutos finais da partida, outra jogadora chocou-se comigo no ângulo errado e ouvi um som horrível quando meu joelho cedeu. Tentei continuar correndo, mas caí ao chão com uma dor incrível. Minha adversária não hesitou: preocupada, ajoelhou-se, segurou minha mão e ficou dizendo palavras de incentivo até os técnicos me tirarem do gramado.

    De alguma forma, percebi que ela não se arrependeu de me ajudar, ainda que nosso time tivesse vencido. Porque ela estava jogando pelos motivos certos, ensinou-me uma lição que mudou minha vida: o significado do espírito esportivo. Eu não merecia sua bondade naquele dia, mas tento retribui-la agora ao manter o verdadeiro espírito esportivo no campo de futebol e em todos os outros aspectos da vida. Sou grata àquela lesão e ao exemplo de uma desconhecida extraordinária. Na verdade, o que importa não é vencer, mas sim como disputar o jogo.

    —ANÔNIMO

  • Gratidão

    Leciono há mais de quinze anos e ainda não encontrei um modo de preparar-me para lidar com o último dia do ano letivo.

    O primeiro dia de aula sempre começa com ansiedade e nervosismo, enquanto cada aluno, inclusive eu, procura seu lugar no pequeno mundo da sala de aula. Nos nove meses seguintes, compartilhamos esse mundo. Rio, choro e, por fim, comemoro o sucesso à medida que os alunos progridem. Mas as mesmas emoções de alegria e tristeza invadem-me quando me despeço deles no último dia de aula. É como despedir-me da minha família que talvez eu nunca mais volte a ver. Sempre consigo manter um sorriso até o último aluno sair. Depois, sento-me e deixo as lágrimas rolarem enquanto olho os presentes que deixaram em minha mesa.

    Depois de tantos dias me perguntando se fiz a diferença, vejo os cartões. “Você é o melhor professor que existe. Te amo”, leio, enquanto, em silêncio, pego mais um lenço de papel na caixa quase vazia.

    —ANÔNIMO

  • Honestidade

    Eu sabia que alguma coisa estava errada porque ele sempre ficava mais alegre depois de encontrar os amigos, por isso o questionei. Tinham acabado de jogar uma partida de basquete e estavam pegando as bicicletas para ir para casa. Ao destravar a bicicleta, ela caiu e arranhou e amassou o carro que estava perto. A tristeza no rosto indicava que ele viera para casa sem contar nada a ninguém.

    Perguntei-lhe se queria fazer compras comigo, e enquanto dirigíamos à loja juntos, expliquei a escolha que ele teria de fazer e as consequências de sua decisão. A caminho de casa, perguntei-lhe se queria parar no parque e ele, envergonhado, respondeu que não. Então você quer almoçar?

    O restaurante não mudara nada desde que eu trabalhara lá, há tantos anos atrás. Reconheci a voz de Fred, meu antigo chefe, vinda da cozinha, e perguntei a uma das garçonetes se podia falar com ele. A princípio, ele não me reconheceu, mas depois, sim. Eu era um superstar na área de lavar pratos na época.

    Devo-lhe um dinheiro, Fred. Comi muitos hambúrgueres enquanto lavava os pratos e nunca lhe paguei.

    Fred pareceu surpreso e recusou o dinheiro, mas expressou sua gratidão e disse que era a primeira vez que alguém retornava depois de tantos anos para pagar uma dívida. Ao sair do restaurante, sorri quando meu filho disse: “Por que fez isso, pai?” A resposta foi simples: Estava cansado do sentimento de culpa toda vez que passava pelo restaurante. Nunca é tarde demais para corrigir um erro. Meu filho disse baixinho: Pai, podemos parar no parque a caminho de casa?

    —ANÔNIMO

  • Inspiração

    A maior tempestade do ano acabou de deixar quase meio metro de neve na cidade. Mas em vez de se aconchegar ao aquecedor com um livro, meu marido está na garagem, preparando o limpa-neve. Para a maioria das pessoas, os montes de neve são um incômodo, mas para o meu marido trata-se de um enorme monte branco de oportunidade.

    Em meio ao ronco do motor e nuvens de fumaça com cheiro de gasolina, ele abre caminho até o passeio, sobe por um lado da rua e desce pelo outro. Além de cuidar da senhora idosa que mora perto, ele limpa a entrada para carros na casa do executivo que mora do outro lado da rua. No nosso quarteirão, todos sabem que ninguém precisa machucar as costas com a pá, nem mesmo vestir o casaco depois da nevasca. Simplesmente aguardam o ronco do limpa-neve e o aceno do meu marido lhes dizendo que a calçada e a entrada para carros estão limpos. É assim que ele faz amizade com os vizinhos. Ele é mesmo uma inspiração.

    —ANÔNIMO

  • Integridade

    “Mas pai, a sua equipe já terminou aquele piso”, reclamei enquanto o ajudava a carregar o caminhão com suprimentos para pavimentação. “Só estará terminado quando estiver certo”, foi sua resposta tranquila.

    Todo verão, eu ajudava meu pai no seu negócio de pavimentação. Instalei pisos em inúmeras casas na cidade toda. Para mim, era como se tivesse morado em cada rua da cidade. Mas hoje, tudo que eu queria fazer era sair com os meus amigos. Contudo, lá estava eu a caminho de outro local de trabalho com meu pai.

    Ao entrarmos na casa, olhei ao redor atentamente para ver exatamente o que precisava da nossa atenção. Os proprietários nos contrataram na semana anterior para instalar os pisos de madeira-de-lei no nível principal, e eu estava exausto de unir pequenas tiras de madeira.

    Quando entramos em um cômodo, provavelmente o escritório, acho que ele viu o espanto estampado no meu rosto. “Olhe aqui”, ele apontou um lugar perto da estante embutida. “Há uma tábua empenada começando a rachar. Se deixarmos como está, futuramente causará problemas para o proprietário.”

    Ao terminarmos de substituir a tábua defeituosa, finalmente entendi por que o negócio do meu pai fazia tanto sucesso e por que eu tinha tantos pisos para instalar.

    —ANÔNIMO

  • Motivação

    Agraciado com a Purple Heart e a Bronze Star, duas das medalhas militares mais importantes, Russ Marek não é um homem comum. Na verdade, ele e sua história são extraordinários. Enquanto servia o país, Russ estava em uma missão de rotina quando seu tanque foi atingido pelo inimigo. A explosão destruiu a torre de tiro de 21 toneladas. A equipe inteira morreu e Russ sofreu ferimentos gravíssimos.

    Depois do acontecimento, Russ ficou tetraplégico, preso a uma cadeira de rodas. Ele perdeu o lado dominante, a perna e o braço direitos, sofreu graves lesões no cérebro, mal falava e teve 20% do corpo queimado. Diante de desafios inestimáveis, dor física insuportável e trauma emocional obsessivo, Russ irradiava um sorriso da alma e tinha um brilho nos olhos.

    Três anos depois, Russ foi convidado a falar em uma cerimônia em homenagem aos heróis de guerra, como ele. Curiosamente, ele caminhou devagar até o pódio com o auxílio de muletas. Fez um discurso emocionado de agradecimento e afirmou que embora ainda estivesse em terapia com obstáculos a superar, logo viveria independentemente na sua casa. Conhecer Russ é testemunhar um milagre. A capacidade de Russ de pensar menos no passado e concentrar-se mais em viver uma vida plena e independente é o seu ponto forte. Por causa da motivação e coragem de Russ, tenho certeza que ele atingirá suas metas.

    —ANÔNIMO

  • Oportunidade

    Meu filho, Justin, nasceu com paralisia cerebral. No começo, ficamos preocupados como ele adaptar-se-ia ao fato de ser diferente dos que o cercavam, mas sua determinação, sorriso terno e gosto pela vida ganhavam admiração e respeito de todos que o conhecem. Muitas vezes, no meio de um dia difícil, olho para ele e tudo faz sentido.

    O grande amor de Justin é o beisebol e há anos ele joga na Miracle League. Quando está no campo de beisebol, é um integrante do time como todos os seus amigos e é tratado como qualquer outro garoto. Graças a esta experiência, ele desenvolveu um forte senso de autoestima e foi capaz de descobrir seus talentos extraordinários em vez de concentrar-se nas incapacidades. Ele passou a entender que a paralisia cerebral não tem que limitar quem ele é e o que ele faz. Ele adora dizer: E daí se tenho paralisia cerebral? Mesmo assim, posso fazer coisas!

    Justin é muito forte e ensinou-me que a vida é uma jornada com possibilidades infinitas para sermos mais do que somos e ganharmos mais do que já temos. É nossa a opção de acreditarmos em nós e aproveitarmos a oportunidade para transformar nossos sonhos em realidade.

    —ANÔNIMO

  • Otimismo

    “Olha, cara. Não tem nada aqui em cima além do céu!”

    Lembro-me daquele dia, há muito tempo, na cama elástica. Meu irmão sempre teve uma concepção de vida muito boa. Nada o abatia. Ele quase nunca se queixava e todos parecem ser seus amigos. Com o passar do tempo, ele abriu sua própria empresa. Mesmo diante de grandes obstáculos, ele sempre encontrava algo positivo para apoiar-se. Por fim, seu trabalho valeu a pena e a empresa foi um sucesso.

    Ele sempre foi meu herói. Seguindo seu entusiasmo pela vida, também entrei no mundo dos negócios. E sempre que estou triste e desanimado, olho para cima e lembro de sua voz alegre, gritando naquele dia de verão: “Não tem nada aqui em cima além do céu”.

    —ANÔNIMO

  • Paciência

    Minha lembrança mais querida do meu pai aconteceu em um dia de verão, no meio de um lago nas montanhas. “Não mexa. Vá enrolando bem devagar”, meu pai sussurrou. Mas era difícil demais. Eu detestava esperar. Geralmente, eu demorava muito para decidir o que queria, mas depois que decidia, queria naquele mesmo instante. E naquele momento eu queria pegar um peixe.

    Tive a impressão de que meu pai percebeu minha impaciência. “Os grandes não chegaram a esse tamanho pegando a primeira coisa que caía na água”, disse ele baixinho. “Logo você descobrirá que tudo que é grande e valioso geralmente demora muito tempo”.

    Depois, com um sorriso que nunca esquecerei, acrescentou: “Afinal de contas, já gastei doze anos com você”.

    —ANÔNIMO

  • Reconhecimento

    “Obrigado pela atenção”, disse ele com um sorriso largo, que deixava à mostra as falhas nos dentes. Retribuí o sorriso e continuei meu caminho. Como aquele velho dono da banca de flores podia ser tão alegre? Tudo que eu fazia era parar e olhar as flores, na minha pressa a caminho do trabalho. Há mais de um ano eu passava pela banca e nunca comprara uma única flor. Porém, todo dia eu recebia aquele mesmo sorriso alegre e simples agradecimento.

    No dia seguinte, decidi que finalmente compraria um buquê de cravos para a minha mesa. Eu queria ver como ele me trataria depois da compra. “Obrigado pela atenção” foi seu único comentário, além do sorriso largo que deixava à mostra as falhas nos dentes. Não resisti e lhe perguntei: “Por que agradece minha atenção todo dia se nunca compro nada?” Ele me olhou e disse: “Todos que param e admiram minhas flores me deixam feliz pelo trabalho que faço. Tento trazer alguma alegria a este mundo tão agitado e quando alguém para para olhar, sinto que fiz um bom trabalho”.

    “Agradeço a sua presença aqui” foi minha resposta sorridente enquanto saía com pressa para o trabalho.

    —ANÔNIMO

  • Respeito

    A história era a mesma toda semana. Nós dois saltávamos do carro e corríamos para abraçar a vovó antes de ela nos convidar a entrar na casa, onde biscoitos frescos nos aguardavam. Meu avô ficava sempre no estúdio, esperando que fôssemos vê-lo. Quando entrávamos, era pura magia. Sentávamos ali durante horas, ouvindo suas histórias, enquanto vovó nos trazia biscoitos e leite até não conseguirmos comer mais nada. Ele falava principalmente sobre a guerra. Histórias incríveis de bravura, coragem, nobreza e dignidade. Falava dos homens a quem não via há mais de 40 anos, homens que ele reconheceria se os visse naquele momento, homens a quem ele ainda podia chamar de irmãos. Ele sempre olhava bem nos olhos do meu irmão, Dave, e lhe dizia que ele tinha o coração igual ao daqueles homens. Punha a mão na minha cabeça e explicava a força que minha avó lhe dera naqueles tempos difíceis e quanta força que eu dava aos outros da mesma forma. O amor é poderoso, ele dizia. E tinha razão.

    Todo ano, no 4 de julho, ficávamos em pé do lado de fora da casa enquanto ele içava a bandeira. Ele sempre tirava o chapéu e o entregava a Dave que o segurava de encontro ao coração, como aprendera. Juntos, olhávamos a bandeira, lembrávamos das histórias e analisávamos o significado de tudo aquilo. Observar seu rosto enquanto ele desfraldava a bandeira é algo que nunca esquecerei. Bastava a lágrima solitária em sua face enquanto as lembranças vinham com toda força para me fazer chorar. Ele viu uma causa justa e arriscou a vida para lutar por aquela causa. Esse sacrifício me ensinou uma das maiores lições que já aprendi. Respeite-se, respeite o próximo e, acima de tudo, respeite aquilo em que você acredita.

    —ANÔNIMO

  • Sacrifício

    “Trouxe-lhe limonada geladinha”, disse ela sorridente enquanto me entregava uma vasilha de limões frescos. Tudo que pude fazer foi rir. A mesma história… Na semana passada, foram biscoitos de chocolate recém-assados enquanto ela me entregava a sacola de compras com farinha, açúcar mascavo e gotas de chocolate. Na semana anterior, ela disse aqui está uma panela de caldo fresco enquanto me entregava uma cesta de verduras.

    Minha vizinha era incrível. Pelo menos uma vez por semana, ela aparecia com os ingredientes para alguma iguaria especial para minha família e vinha prepará-la. A maioria das pessoas simplesmente faria o prato e passaria para deixá-lo, mas ela não. E eu adorava.

    Desde a minha cirurgia no mês passado, era difícil movimentar-me na cozinha e ainda mais complicado sair de casa para fazer visitas. Esperava ansiosa não apenas os pratos da minha vizinha, mas também o tempo que tínhamos para conversar enquanto ela preparava aquelas delícias na minha cozinha.

    —ANÔNIMO

  • Solidariedade

    A casa era maravilhosa. Minha mulher e eu ficamos muito entusiasmados quando a encontramos. Depois de cinco anos vivendo em um pequeno apartamento, e com um bebê a caminho, era hora de finalmente ter uma casa com um quintal de verdade.

    Passamos a manhã carregando o caminhão de mudança e fazendo a limpeza final do apartamento. Eu preferia encerrar o dia por ali, mas sabia que tínhamos apenas algumas horas para descarregar a mudança na nova casa e devolver o caminhão para evitar mais um dia de aluguel.

    Estacionei o caminhão de ré e levei as primeiras caixas para dentro da casa. Eu não fazia a menor ideia de como conseguiria descarregar tudo antes das 5 da tarde. Ao passar pela porta para buscar a próxima carga de caixas, quase fui derrubado por uma cadeira em movimento. Segurando a cadeira estava uma adolescente desdobrando-se em desculpas.

    “Desculpe”, disse ela, “não fiz de propósito. Vi sua mulher grávida lá fora e pensei que vocês pudessem precisar de ajuda”. Só então percebi uma fila de caixas entrando na casa, todas carregadas por vizinhos sorridentes. Minha mulher começou a correr pela casa para organizar as coisas.

    Eu mal carreguei outras quatro cargas, e em menos de meia hora o caminhão estava vazio. Sem dúvida, tínhamos encontrado a casa dos nossos sonhos.

    —ANÔNIMO

  • Superação

    Quando garotos, costumávamos aproveitar a caminhada breve até o rio para ver quem pegaria a maior truta. Este ano estava ótimo para a pesca. As condições eram perfeitas, e a minha vara de pescar, também. Lembro-me muito bem de abrir o presente com meu amigo ao meu lado, na manhã do meu aniversário. Ambos estávamos muito entusiasmados. Naquele dia em especial, era a vez dele carregá-la até o rio. Compartilhávamos a vara de pescar porque ele ainda estava economizando o dinheiro para comprar uma. Enquanto descíamos o barranco, ele escorregou e caiu, e protegeu a queda com a mão e a minha vara de pescar. Ouvimos o estalo e vi a expressão nos olhos dele quando nossos olhares se cruzaram.

    Claro, fiquei com raiva. Disse coisas que não deveria ter dito e mandei que fosse embora. Lembro-me bem de voltar para casa sozinho aquele dia, segurando um pedaço do meu troféu em cada mão. Eu estava mais triste com o que acontecera comigo do que com a forma que tratei meu amigo.

    Ao aproximar-me de casa, vi que alguma coisa estava errada. Quando entrei, minha família estava sentada, imóvel, formando um círculo. A previsão do tempo é ruim, filho, temos cerca de uma semana para colher a lavoura antes do início das tempestades.

    Fiquei chocado. Apenas uma semana antes que pudéssemos provavelmente perder tudo. Estava prestes a dizer alguma coisa ao meu pai, quando ouvi baterem à porta. Abri, e lá estava Tom, meu melhor amigo, as mãos nos bolsos, os olhos fixos nos sapatos. Acabei de saber sobre as tempestades, Rick. Pensei que talvez precisassem de ajuda. Meu pai levantou-se, sorrindo, e disse: Mãos à obra.

    Seu perdão ajudou muito minha família a superar aquele momento difícil. Juntos, como amigos, nós dois progredimos muito desde então. E está longe de pararmos por aí…

    —ANÔNIMO

  • Trabalho Árduo

    Ele nunca reclamava, ao menos não quando nós, os filhos, estávamos por perto, mas eu sabia que o trabalho dele era difícil. Toda manhã, ele pegava a marmita e beijava minha mãe. Eu ficava à janela, acenando enquanto ele saía com o caminhão velho e surrado. Ele sempre me dava um sorriso, acenava e jogava um beijo antes de virar na rua para o trabalho.

    Ao final do dia, eu ouvia o caminhão entrar na garagem e olhava pela janela para ver um homem cansado chegar com dificuldade à porta. Ao entrar na casa, um sorriso iluminava seu rosto e ele nos reunia para um enorme abraço. Foi durante esses abraços que notei pela primeira vez as mãos ásperas e manchadas e as marcas profundas do trabalho árduo.

    Todo dia nosso ritual continuava. Todo dia tínhamos comida à mesa e um lar aconchegante para morar. Todo dia ele me mostrava os resultados do trabalho árduo e a alegria de um lar de amor.

    Agora estou mais velho, e meu pai faleceu. Sempre que tenho vontade de reclamar do meu trabalho, ou de como as coisas estão difíceis, retomo o trabalho, sorrio e percebo o quanto aprendi com ele.

    —ANÔNIMO

  • Viver A Vida

    Quando meu marido e eu ficamos noivos, ele me informou, com um brilho no olhar, que queria me apresentar à sua “namorada”. Surpresa, eu sabia que ele estava aprontando alguma. Fomos à casa ao lado e fomos recebidos por uma velhinha muito agradável chamada Alta. Imediatamente, entendi tudo.

    Alta já tinha mais de 90 anos, mas a mente era ativa e o senso de humor também. Apaixonei-me por ela naquele instante e pude entender por que ela era a outra garota “preferida” do meu marido. Um dia, há 10 anos atrás, ele a viu plantando tulipas na chuva e resolveu oferecer ajuda. Aquele foi o início dos seus encontros semanais aos domingos; ele cantava e tocava melodias no violão e ela preparava pudim de arroz para ele. Conversavam sobre os acontecimentos da semana e desfrutavam o tempo que passavam juntos.

    Sem nenhuma pitada de ciúme, Alta abriu seu coração para mim. Ela nos fez dar boas risadas enquanto falava sobre os dias em que tocava piano para os “velhos” no asilo toda semana, mesmo sendo mais velha que todos eles. Alta nunca dava a impressão de estar triste. Embora o marido tivesse morrido quando ela tinha 34 anos, deixando-a com 3 filhos pequenos e um a caminho, ela nunca perdeu a esperança. Voltou a estudar para ser professora e sustentar a pequena família até que seus filhos tivessem sua própria família.

    No decorrer dos anos, sempre que me sentia estressada com um bebê que não dormia ou quando a vida parecia dura demais para suportar, tudo que eu precisava fazer era visitar Alta. Com um sorriso no rosto marcado pelo tempo, ela simplesmente me lembrava de “seguir adiante”. Seu conselho e firmeza de caráter, apesar das dificuldades, ajudaram-me a entender o que significa realmente viver a vida. Por isso, sempre serei grata a Alta, a “namorada” do meu marido.

    —ANÔNIMO