Quando garotos, costumávamos aproveitar a caminhada breve até o rio para ver quem pegaria a maior truta. Este ano estava ótimo para a pesca. As condições eram perfeitas, e a minha vara de pescar, também. Lembro-me muito bem de abrir o presente com meu amigo ao meu lado, na manhã do meu aniversário. Ambos estávamos muito entusiasmados. Naquele dia em especial, era a vez dele carregá-la até o rio. Compartilhávamos a vara de pescar porque ele ainda estava economizando o dinheiro para comprar uma. Enquanto descíamos o barranco, ele escorregou e caiu, e protegeu a queda com a mão e a minha vara de pescar. Ouvimos o estalo e vi a expressão nos olhos dele quando nossos olhares se cruzaram.
Claro, fiquei com raiva. Disse coisas que não deveria ter dito e mandei que fosse embora. Lembro-me bem de voltar para casa sozinho aquele dia, segurando um pedaço do meu troféu em cada mão. Eu estava mais triste com o que acontecera comigo do que com a forma que tratei meu amigo.
Ao aproximar-me de casa, vi que alguma coisa estava errada. Quando entrei, minha família estava sentada, imóvel, formando um círculo. A previsão do tempo é ruim, filho, temos cerca de uma semana para colher a lavoura antes do início das tempestades.
Fiquei chocado. Apenas uma semana antes que pudéssemos provavelmente perder tudo. Estava prestes a dizer alguma coisa ao meu pai, quando ouvi baterem à porta. Abri, e lá estava Tom, meu melhor amigo, as mãos nos bolsos, os olhos fixos nos sapatos. Acabei de saber sobre as tempestades, Rick. Pensei que talvez precisassem de ajuda. Meu pai levantou-se, sorrindo, e disse: Mãos à obra.
Seu perdão ajudou muito minha família a superar aquele momento difícil. Juntos, como amigos, nós dois progredimos muito desde então. E está longe de pararmos por aí…