Era nosso jogo de futebol do campeonato, e eu estava chata como sempre, gritando com as adversárias e companheiras de time, sem me preocupar em quem eu cometia falta, quem eu chutava ou empurrava. Só pensava em vencer, mais nada. A garota na minha posição no time adversário era habilidosa, e a aparência de intenso prazer em seu rosto enquanto jogava só piorava meu comportamento. Eu não poupava nada, usava todos os truques sujos que conhecia e distribuía insultos. Ela não reagia ao meu comportamento negativo, mas continuava a jogar agressivamente.
Nos minutos finais da partida, outra jogadora chocou-se comigo no ângulo errado e ouvi um som horrível quando meu joelho cedeu. Tentei continuar correndo, mas caí ao chão com uma dor incrível. Minha adversária não hesitou: preocupada, ajoelhou-se, segurou minha mão e ficou dizendo palavras de incentivo até os técnicos me tirarem do gramado.
De alguma forma, percebi que ela não se arrependeu de me ajudar, ainda que nosso time tivesse vencido. Porque ela estava jogando pelos motivos certos, ensinou-me uma lição que mudou minha vida: o significado do espírito esportivo. Eu não merecia sua bondade naquele dia, mas tento retribui-la agora ao manter o verdadeiro espírito esportivo no campo de futebol e em todos os outros aspectos da vida. Sou grata àquela lesão e ao exemplo de uma desconhecida extraordinária. Na verdade, o que importa não é vencer, mas sim como disputar o jogo.