Lembro-me de caminhar pelo corredor da escola de ensino fundamental, ao lado do diretor, até minha nova sala de aula, no terceiro ano. Ao abrir a porta, constatei que o meu maior medo não era infundado: eu era o único garoto negro na sala. Senti que todos os 28 pares de olhos me fitavam. A professora sorriu timidamente indicando o meu lugar. Enquanto lutava com as emoções que se acumulavam dentro de mim, eu só pensava como seria bom poder voltar à minha antiga cidade e escola.

No recreio, um garoto aproximou-se de mim e perguntou se eu queria jogar bola. Aquilo pegou-me de surpresa, e fiquei sem saber como reagir. Acompanhou-me até o grupo principal e anunciou que eu faria parte do time dele. Muitos resmungaram, mas era óbvio que o garoto era um líder e ninguém fez qualquer objeção. Ficamos amigos na hora.

No decorrer dos anos, vi aquele garoto fazer amizade com cada aluno novo e considerei-me um sortudo por fazer parte de um círculo de amigos em constante expansão: uma amizade sem fronteiras.